A psicanálise

A procura por um psicanalista pode se dar por razões diversas.
Às vezes sem uma queixa localizada, mas com um certo mal-estar relativamente difuso, ou com uma suspeita de que "algo não vai bem" na vida. Outras vezes, o sofrimento aparece de forma mais nítida, manifestando-se através de impasses variados, repetições embaraçosas, dúvidas impeditivas, sentimentos incapacitantes, pensamentos ou comportamentos que podem de fato tornar o cotidiano muito difícil, quando não "impossível".
A psicanálise oferece a chance para que essas dores encontrem palavras, de acordo com a singularidade e a complexidade de cada um. Muitas vezes algumas questões cruciais nunca foram ao menos colocadas.
O trabalho analítico se interessa por todos os aspectos e manifestações que uma subjetividade pode testemunhar, uma vez que se trata de compreender uma organização psíquica característica e única, isto é, a maneira como um sujeito se constituiu psiquicamente, com suas escolhas, suas preferências, suas satisfações e suas recusas. Dessa maneira, o que é analisada é sua forma singular de se colocar no mundo, em face da alteridade, segundo condições e obstáculos encontrados no plano do desejo e das contingências de sua história de vida.
A ética da psicanálise diz respeito, portanto, à possibilidade de se responsabilizar por um desejo singular, pelas consequências de se ter dito aquilo que diferencia uma vida e suas maneiras de existir. Apesar da contradição subjetiva que marca a entrada numa análise — os impasses e os sofrimentos em contraste às vontades e esperanças do paciente —, após a experiência de surpresa e reavaliação que o encontro com o inconsciente impõe, outras formas de estar no mundo podem ser consideradas e mesmo adotadas.
Para isso, o paciente é convidado a dizer tudo que passa pela cabeça, mesmo que lhe pareça estranho, desconfortável, sem importância ou absurdo.
Contrariamente à opinião popular, a psicanálise não se ocupa exclusivamente do passado: interessa-lhe tanto quanto o presente e o futuro, isto é, a maneira como o sofrimento se atualiza e atesta seu funcionamento geral e a maneira como ele determina escolhas ou pode entrar em conflito com outras vias subjetivas que acenam sua emergência.
O analista, ao assumir sua função, permite que esse trabalho se realize, não "analisando" o paciente, fornecendo-lhe interpretações externas, mas, ao contrário, escutando-o, oferecendo as condições para que ele mesmo se analise e tome suas decisões.
Finalmente, uma análise pode se dar nas mais variadas frequências, sendo via de regra fundamental que a regularidade seja mantida. Sua duração pode ser de algumas sessões, alguns meses ou, geralmente, alguns anos, dependendo do engajamento e dos propósitos de cada um. Quanto ao custo, conforme a ética da singularidade e da diferença que orienta a psicanálise, também não há nenhuma precificação pré-definida ou fixada.
Algumas adversidades comumente abordadas em psicanálise, psicologia e psiquiatria nos dias de hoje, em seus termos mais corriqueiros. No entanto é necessário lembrar que cada paciente sempre é tomado em sua complexidade singular:
-
Adições, vícios, dependências (jogo, internet, sexo, compras etc.)
-
Agressividade, impulsividade, explosividade
-
Alcoolismo, toxicomania
-
Angústia, ansiedade
-
Anorexia, bulimia, transtornos alimentares
-
Conflitos familiares
-
Déficits de atenção, hiperatividade (TDAH etc.)
-
Depressão, apatia, transtorno bipolar
-
Dificuldades escolares/acadêmicas
-
Distúrbios do sono
-
Distúrbios psicossomáticos
-
Dores corporais crônicas, fibromialgia, fadiga crônica
-
Estados-limite (borderline)
-
Estresse pós-traumático
-
Hipocondria
-
Ideações suicidas
-
Lutos penosos ou patológicos
-
Neuroses (fobia, histeria, neurose obsessiva, TOC etc.)
-
Problemas conjugais
-
Psicoses (esquizofrenia, paranoia, transtorno maníaco-depressivo etc.)
-
Questões ligadas à parentalidade
-
Transtornos narcísicos, questões de autoestima